Apenas posso dizer que é algo de transcendente, o "velhote" ataca as cordas como ninguém, sem menosprezar outros (entre os quais incluo Eric Clampton, Joe Satrianni, Carlos Santana e mesmo Jimmy Hendrix), David Gilmour é o guitarrista que mais me enche as medidas. Não falando no legado que deixa pois a solo ou com os Pink Floyd produziu do melhor que já ouvi até hoje, de resto para quase todas as músicas dos Pink Floyd tenho uma história para contar.
REMEMBER THAT NIGHT... Algumas noites não se esquecem, os seus sabores, os seus sons, os seus cheiros, imagens e sensações permanecem na nossa boca até ao fim da vida, coisas que parecem vulgares tendem a ficar para sempre cristalizados nas nossas memorias, coisas simples como um esparguete à bolonhesa, podem passar muitos anos podemos comer muitos esparguetes à bolonhesa, mas aquele em particular nunca mais será esquecido.
O meu primeiro mergulho nocturno foi em Lagos na Ponta da Piedade durante uma lua nova. Por cima das nossas cabeças o céu apresentava-se completamente estrelado, muito mais do que alguma vez tinha visto, o brilho das estrelas reflectia-se num mar estanhado, aqui e ali uma estrela cadente riscava-o e parecia tombar no mar. Quando mergulhei, ao desviar o olhar do cone de luz da lanterna para verificar o equipamento surgiu a grande surpresa, afinal não era só no céu que haviam estrelas ali à minha volta milhares de estrelas brilhavam, desliguei a lanterna e o espectáculo foi impressionante cada movimento deixava um rasto luminoso, qual via láctea submarina, inspirei profundamente e mergulhei sustendo a respiração, fiquei lá embaixo alguns minutos, finalmente tinha regressado a casa, com muita pena tive de regressar à superfície, pois o folgo não era infinito (foi um mergulho em apneia), cá cima já todos estavam preocupados, NITROX; NITROX ONDE ESTÁS? - liguei de novo a lanterna - Bolas pregaste-nos um susto dos grandes há mais de 5 minutos que te procuramos.
Aqueles foram os melhores 5 minutos da minha vida.
Voltei a repetir os mergulhos nocturnos de caça submarina mas só passados 20 anos voltei a ter outro mergulho nocturno memorável. Foi o primeiro mergulho autónomo nocturno, foi em 8 de Julho de 2006 em Sesimbra. Passadas as burocracias do costume lá zarpamos directos à Baía dos Porcos. No caminho fui contemplando a lua cheia que se reflectia no mar como uma língua de prata em direcção ao nosso barco, uma forte brisa nocturna de Julho acariciava-me o rosto, o natural arrefecimento quando se vai para o mar não conseguia atravessar o fato semiseco, sentia-me numa profunda paz, mesmo tendo em conta a excitação pela aproximação do mergulho. Finalmente chegou o grande momento, eram 22:48. Deixei-me cair na água com as lanternas propositadamente desligadas, dei por mim no meio de uma explosão de luz, senti-me no centro de uma galáxia, depois lentamente as estrelas vão-se apagando, é então que resolvi subir e comunicar aos outros que está tudo bem.
Após checar todo o equipamento aguardei ansiosamente o sinal de descer, quando tal aconteceu voltei a sentir de novo aquela paz, aquela sensação de voltar a casa. Verifico o computador, estou a 7 metros de profundidade, tenho 220 bar de ar na garrafa de 15 litros e um RBT (Remain Bottom Time, tempo restante à profundidade) de mais de 99 minutos, deve dar para ficar mais de 1 hora lá embaixo. Apesar da forte brisa que provoca uma grande corrente a temperatura é amena à superfície (21º) debaixo de água não passa dos 15º, mais uma vez abençoou o fato semiseco, continuo o mergulho desço um pouco mais mas não chego a ultrapassar os 9 m dou comigo rodeado de bruxas ou, como também são conhecidos, cavacos. Foi por eles que fiz os primeiros mergulhos nocturnos, mas desta vez não os perturbo, apenas os contemplo, parados encandeados pela luz da lanterna, aqui e ali um safio esgueira-se por entre as rochas. O equilíbrio não está bom, não sei porquê mas aquela profundidade tenho a tendência de os pés subirem em relação à cabeça. Anoto mentalmente que preciso de comprar uns pesos para colocar nos pés. O ar da garrafa ainda vai nos 80 bar mas fazem-me sinal para subir, ao chegar cá cima protesto pois achava que tinha sido pouco tempo e ainda tinha para quase meia-hora. Dizem-me que já passou uma hora de mergulho. - JÁ?!
Nota: A precisão dos números deve-se ao facto de ter mesmo aqui à mão os dados do computador de mergulho.
Após checar todo o equipamento aguardei ansiosamente o sinal de descer, quando tal aconteceu voltei a sentir de novo aquela paz, aquela sensação de voltar a casa. Verifico o computador, estou a 7 metros de profundidade, tenho 220 bar de ar na garrafa de 15 litros e um RBT (Remain Bottom Time, tempo restante à profundidade) de mais de 99 minutos, deve dar para ficar mais de 1 hora lá embaixo. Apesar da forte brisa que provoca uma grande corrente a temperatura é amena à superfície (21º) debaixo de água não passa dos 15º, mais uma vez abençoou o fato semiseco, continuo o mergulho desço um pouco mais mas não chego a ultrapassar os 9 m dou comigo rodeado de bruxas ou, como também são conhecidos, cavacos. Foi por eles que fiz os primeiros mergulhos nocturnos, mas desta vez não os perturbo, apenas os contemplo, parados encandeados pela luz da lanterna, aqui e ali um safio esgueira-se por entre as rochas. O equilíbrio não está bom, não sei porquê mas aquela profundidade tenho a tendência de os pés subirem em relação à cabeça. Anoto mentalmente que preciso de comprar uns pesos para colocar nos pés. O ar da garrafa ainda vai nos 80 bar mas fazem-me sinal para subir, ao chegar cá cima protesto pois achava que tinha sido pouco tempo e ainda tinha para quase meia-hora. Dizem-me que já passou uma hora de mergulho. - JÁ?!
Nota: A precisão dos números deve-se ao facto de ter mesmo aqui à mão os dados do computador de mergulho.
Fiquem Bem!
Parabéns ao Pai e à filhota pelo bom gosto que teve.
ResponderEliminarQuanto aos mergulhos, uma paixão que nunca te vai abandonar. É o MAR.
Bjnh
Isabel - Remember That Night é de facto um momento mágico, um daqueles momentos que apenas os maiores génios da música (estou a incluir Mozart, Bach, Orff, etc.) conseguem criar.
ResponderEliminarEm relação ao Mar de facto é algo de central na minha vida, no entanto tenho que reconhecer que estou a algo obcecado, talvez por me estar interdito por hora.
Fica Bem!