terça-feira, 4 de outubro de 2022

Abbey Road



Este sempre foi um dos meus álbuns favoritos. Melodias como Here comes the Sun, Come Togheter ou Something encheram desde a minha pré-adolescência o meu universo musical. Hoje estava a ler um texto da AnaMar e de repente este álbum saltou-me das memórias e uma vontade imperiosa de o ouvir apoderou-se de mim.

Tantas coisas que deixamos para trás na vida, mas a música é daquelas que sabe sempre bem ir rebuscar. 

Fiquem bem no lado escuro da Lua.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Onde o Mar é mais Azul


Depois de um dia em que não se sentia a diferença entre abrir a porta do terraço e a porta do forno, hoje, aqui onde o mar é mais azul, a típica doce e refrescante brisa marítima temperou o clima o que me permite estar a escrever estas linhas no exterior.

Confesso que ainda sinto uma certa nostalgia de Lagos, mas este cantinho é de facto abençoado. Com uma quantidade assinalável de praias, desde as mais cosmopolitas às mais escondidas, a temperatura da água é compensada pelo calor humano. Inúmeras ribeiras desaguam em praias cavando vales férteis até à areia e proporcionando abrigo aos ventos que são uma imagem de marca do Oeste.

Depois há esse pormaior que, para quem me lê há algum tempo já sabe, tem uma importância central na minha vida - O AZUL. De facto aqui é mesmo onde o mar é mais azul! Desde que me conheço como gente, o azul foi sempre a minha cor favorita e sempre dominou os meus gostos. Cresci com uma vista privilegiada sobre o azul com o mar à porta e o céu limpo sobre a cabeça. Passava dias inteiros na praia, mergulhando, nadando, surfando, quer dizer tentando surfar, pois naquela altura era muito difícil encontrar pranchas de surf em Portugal, tentei fazer com vários materiais que conseguia arranjar, mas todas se partiam na minha primeira tentativa de as usar 😖. Acabei a fazer bodysurf, ou como se dizia na época a "correr marulho". Ou a surfar com os pequenos veleiros da escola de vela, acabando muitas vezes por ver-me obrigado a algumas reparações nas embarcações.

Por falar nisso, tinha 12 anos quando pela primeira vez me sentei um barco à vela - um Optimist. Ainda hoje me lembro da sensação de caçar a vela e sentir a "caixa de sabão" a deslizar pela ribeira até ao mar, de esgueirar-me pela praia da Batata, passar pela praia dos Estudantes e contemplar o pôr-do-sol na Ponta da Piedade. Acho que me ficou melhor gravado esse momento do que o do primeiro beijo. 😆


Fiquem bem no lado escuro da Lua.



domingo, 26 de junho de 2022

Bring on the night

      23 de Junho de 2022

Isto anda muito musical! O post anterior foi sobre os Pink Floyd, neste momento Confortably Numb está a tocar numa playlist aleatória que começou com Joe Bonamassa+Beth Hart, Beth Hart, Shiva Ree e agora passou para Chris Isaak - outra música monumental - Wicked Game. Está a ser brutal!!!

Na paisagem visual ainda flutua a memória de (mais) um pôr do sol fantástico sobre o Atlântico, aqui, onde o mar é mais azul. Ao que se seguiu (mais) um crepúsculo também fabuloso.

    5 de Maio de 2022

Esta é o momento mais mágico do dia aquele que se estende desde os minutos precedentes ao pôr do sol até à escuridão completa! Foi uma das coisas que mais senti falta nos anos em que estive fora de Portugal, apenas em Roskilde tive um pequeno vislumbre, mas o fjord estendia-se para norte e assim o sol punha-se sobre terra.

Após o fim do dia de trabalho, dirigia-me à margem do fjord e ficava por lá a admirar as nuances do crepúsculo, afogando as saudades do Atlântico e mascarando a solidão, comia um cachorro-quente e voltava para o apartamento com a alma saciada.

    15 de Setembro de 2020

Completei um circulo, dei a volta à Europa, estive praticamente nos seus dos 4 cantos nestes últimos anos, mas faltava sempre algo... Quase que me esquecia: Constanţă, mas aí era o nascer do sol que trazia as melhores paisagens. 

    05 de Outubro de 2019

Mas continuo a preferir o crepúsculo, a luz é diferente, guia-nos para a calma da noite, em especial quando podemos desfrutar desses momentos à varanda, com o vento a acariciar-me o rosto, a saborear o gosto fumado de um copo de Ardebeg, com um Cohiba a completar o quadro olfato/degustativo, a observar o lampejo longínquo do farol, com o som desta bela melodia misturando-se com o canto das gaivotas que regressam aos ninhos depois da pescaria da tarde.

E claro na companhia de quem amamos.



Bring on the Night / I couldn't stand another hour of daylight. 




Fiquem bem no lado escuro da Lua.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Delicate sound of Thunder

Tenho estado a assistir ao video Delicate Sound of Thunder! Hoje tinha trazido o PC para escrever algo aqui, mas perdi-me a ouvir os mágicos Pink Floyd.

Por acaso até tinha presenciado um crepúsculo lindíssimo, com uma luz perfeita, ondas e a luz dum barco no horizonte. 

Mas... Wish You Where Here, The Great Gig in the Sky, Breathe, etc captaram a minha atenção.


 

Fiquem bem no lado escuro da Lua.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

I'll Take Care of You



Como habitualmente andava deambulando pelas ruas de Lille após o jantar, de repente uma voz poderosa irrompe pelos auscultadores em desafio com uma guitarra tocada com uma mestria rara! 


I'll Take Care of You cantava a na altura a por mim desconhecida Beth Hart, a seguir entrava um monumental solo de viola de outro ilustre desconhecido Joe Bonamassa. Rapidamente se tornaram os meus fieis companheiros de passeio nocturno.


Foi um período intenso, pela primeira vez estava a viver fora de Portugal, pela primeira vez tinha reuniões de trabalho numa língua que não a de Camões, pela primeira vez vivia isolado a muitas centenas de quilómetros de alguém que conhecesse, pela primeira vez contactava intimamente com outra cultura. Também no aspecto musical era uma primeira vez.

Fiquem bem no lado escuro da Lua.



domingo, 8 de maio de 2022

Sou uma câmara


O sol está quente, uma fresca brisa tempera o clima ao mesmo tempo que desenha pequenas vagas que se transformam em cristas de espuma. A areia quente transmite uma a terna textura dos grãos. 

Agora que a neblina matinal se dissolveu suavemente debaixo dos raios do sol, o piar das gaivotas mistura-se com o murmúrio das ondas que rebolam pela areia e convidam a um mergulho nas suas águas temperadas. 

As poucas pessoas que usufruem deste pequeno paraíso na Terra vão brincando com os seus patutos ou simplesmente passeando pela fina areia, o vento fresco inibe o ímpeto de mergulhar, mas aos poucos vão-se deixando convencer uma após outra.

As ruínas do forte abandonado pela sua obsolescência, continuam firmes e determinadas a resistir à erosão dos anos. Assim como o AMOR, o verdadeiro AMOR, por muitas que sejam as vicissitudes e  os problemas, também ele resiste como este forte à erosão.  

Tal como o forte dá uma pincelada poética na paisagem, o AMOR contagia a vida como um poema romântico, trazendo cor, alegria e prazer mesmo em tempos difíceis e convida-nos a olhar para trás e a pensar: "Valeu a pena".

AMO-TE ANGÉLICA!


Fiquem bem no lado escuro da Lua.








sexta-feira, 6 de maio de 2022

Barcelona


Ali do alto do Montjuïc a Catedral de Barcelona sobrepõe-se imponente ao resto do tecido urbano, no subconsciente Freddie Mercury e Montserrat Caballé, entoam aquele dueto memorável, contemplando o Estádio Olímpico lembro-me das mais belas cerimónias Olímpicas de abertura e fecho se realizaram.


Olhando para o outro lado, vemos a zona financeira de Barcelona, com as suas torres emblemáticas, em especial a estranha torre oval, que mais parece uma nave extraterrestre que ali aterrou. Esta torre serve de aperitivo para a Sagrada Família cujas elaboradas torres cónicas fazem uma perfeita transição entre estilos arquitetónicos. 


Descemos pelas estradas que serviram de pista para algumas provas de Fórmula 1 memoráveis, até que paramos em frente à memorável Catedral da Sagrada Família, com as suas obras infindáveis, mas mesmo assim bela, extremamente bela. Mais uma vez Barcelona entoa nas nossas cabeças. Essa música está indelevelmente ligada à cidade de Gaudí. Nenhuma outra melodia criaria uma harmonia tão perfeita com a arquitetura neogótico que vemos a cada esquina. 


Continuamos o nosso passeio e outros estilos de arquitetura surgem entrelaçando-se numa harmonia que mais uma vez rima com os estilos tão contrastante e mesmo assim tão harmoniosos como os de Freddie e Montserrat. O moderno e o clássico, com um toque extravagante e sinfónico à mistura, ora em calmo e ternurento, ora explodindo de som e côr, ora expressando-se na língua de Shakespeare ora na de Cervantes.

Mantente bien en el lado oscuro de la luna



quarta-feira, 4 de maio de 2022

O presente


O segredo da saúde, mental e corporal, está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas viver sábia e seriamente o presente.
Buda


Fiquem bem no lado escuro da Lua.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Regatta de Blanc

Música: Regatta de Blanc – The Police; Mysterious Ways - U2


Imponente, a Catedral de Palma de Maiorca, domina as vistas. A altura das suas torres, as mais altas de Espanha, desafiam o facto de estarmos numa ilha.

Por todo o lado há alguém a tentar vender algo, quadros, malas, sapatos, recuerdos… também há artistas de rua, que fazem pinturas, performances, homens/mulheres estátuas e o estranho casal que levita numa armação bem disfarçada. Houve-se uma viola tocando o concerto de Aranjuez, o sol é abrasador, apesar dos jactos de água que caem no lago que fica no sopé da catedral o calor torna-se pesado enquanto o sol procura a sua posição mais alta, como que para ver melhor todo o esplendor que se estende por baixo.

Uma brisa levanta-se, embala as folhas das palmeiras que alegres fazem coro aos acordes da viola do virtuoso artista de rua que a dedilha alegremente.

 


Ao virar de uma esquina os olhos preparam-se para abraçar o mar, quando uma figura enigmática rompe a paisagem chamando a si as atenções.

Agarrando a larga borda azul do chapéu que o vento tenta em vão retirar para descobrir o seu rosto sereno, deixando o alvo vestido ondular ao sabor deste, ora mostrando ora ocultando as suas formas perfeitas. Pequenas rendas orlam as extermidades das curtas mangas, como se brancos lírios lhe ornamentassem os braços firmes e maduros.

Olha fixamente para o Mar, não se deixando distrair com as mundanas figuras que cruzam a rua.  Por momentos o tempo pára, tudo fica estático, congelado. Apenas ela continua a mover-se naquela forma misteriosa, ondulando como o vento, provocando um pesado suspiro de paixão.

O roxo das Buganvílias contrata com o verde e o amarelo dominantes, traçando um friso colorido no topo do muro desta casa com singelas varandas e venezianas verdes.

As palmeiras omnipresentes compõem a moldura muito acima das luminárias que quase passam despercebidas. Ali numa muito camuflada esquina uma cascata de belas flores azuis vai descendo pela trepadeira que cobre por completo o muro que delimita a propriedade e dá suporte ao socalco que aplainou o espaço onde esta moradia se ergue.

O calor continua opressor, pesado e húmido, convidando a uma paragem para refrescar.

 


Que melhor local para fugir à canícula que a Plaça de la Feixina, com os seus lagos e cascatas, sempre com a água correndo, mergulhando aqui e ali debaixo das pedras do passeio, para surgir uns metros à frente mais fresca.

As amplas sombras do arvoredo auxiliam no arrefecimento, enquanto acenam para a água embaladas pela aragem que atravessa a ilha de norte para sul.

Convidando a uma paragem para descansar as pernas e arrefecer os músculos enquanto se contempla o escoar do tempo na sombra do relógio de sol, ali instalado numa das faces de pirâmide de pedra, noutra surge um enigmático relógio de lua, com a sua tabela de legenda e descodificação.

Os muros do castelo opõem-se à linha das palmeiras deixando no seu regaço um largo passeio de pedra.

Ali surge novamente a bela silhueta alva, agora dança, alegre, feliz, deslumbrante. Rodopia de braços abertos abraçando o vento numa valsa ensurdecedora de silencio. Baila com o calor e com as gotas de humidade que pairam pelo ar arrastadas desde as cascadas pela suave brisa estival.

Continua misteriosa a forma como se move, como dança, como caminha. A harmonia instala-se, todo o quadro ganha uma formosura singular, até a catedral estica as suas torres por entre as palmeiras para observar este pitoresco panorama em movimento, esta poesia silenciosa e serena.

Abraço a beleza do quadro e regresso ao navio, sou um marinheiro, um homem do mar, apaixonado pela doce silhueta alva que misteriosamente se movimentava, ora caminhando, ora dançando.

Contemplo a linha do casario que se estende entre as verdes colinas e o azul do mar, a multitude de embarcações que descansam na grande marina, os paquetes luxuosos que preparam a partida para o alto mar.

Tudo parece pacífico, sereno, nem o vento se sente agora.

Sinto uns braços a me envolver, um doce perfume invade-me as narinas e o doce som de uma voz faz-me estremecer.

Lentamente viro-me, perante mim está a delicada figura alva com que me cruzei uma e outra vez durante o dia.

A noite caiu, não sentimos o sol esgueirar-se sob as ondas distantes, inebriados pelo tão inesperado como anunciado encontro. Os nossos olhares não se desviaram durante as longas horas em que o glorioso astro atravessou os céus.


Não há um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.