Tenho andado algo deprimido, tal deve-se fundamentalmente a estar confinado a uma vida de quase clausura, de não poder mergulhar, sobretudo da consciência desse facto. É verdade que no ano passado fiz poucos mergulhos, mas não tinha um impedimento tão explicito, ao fim e ao cabo sabia que em qualquer altura podia com maior ou menor sacrifício e ir fazer um mergulho. Por exemplo no último fim-de-semana antes da operação ainda tentei ir fazer um mergulho, mas não tive buddy's e fiquei em seco.
Vou vendo os filmes Atlantis, Vertigem Azul, os documentários do Cousteau e tudo o resto que se passe no mar, em baixo ou em cima, também tenho lido de fio a pavio as revistas Planeta d'Agua que em boa hora comprei na Nauticampo; tenho ainda mais uns livros que de vez em quando vou relendo como sejam "Dive in Style" ou o "Guia de Mergulho Açores"; por fim e sempre que consigo estar numa posição mais vertical dou uns saltitos pela Internet devorando tudo o que seja sites de mergulho.
Quando dá para sair a algum sítio é para a praia que vou, fico horas só a olhar e a ouvir o mar, umas vezes a passear pela praia outras sentado no Cabanas a beber uma bebida quente, deixo-me embalar pela poesia que é ditada pelas ondas e vou recordando os mais belos momentos que passei no mar, vou gizando os planos para a "rentrée" e sonhando com uma vida perfeita que seria toda ela ligada ao mar. É um prazer enorme estar ali horas a fio a ouvir as histórias que o Oceano nos conta umas vezes em tons de epopeia outras em melancólicos sonetos, observando cada crista das suas ondas como se fossem telas de um qualquer pintor impressionista, ficar ali só, apesar de acompanhado por toda uma miríade de seres reais e mitológicos, observar os mergulhos em voo picado das andorinhas do mar e os bandos de gaivotas orientadas na direcção do vento como se fossem cata-ventos, aqui e ali uma tainha salta para fora de água na tentativa de escapar a um predador que se mantém invisível debaixo do grande azul.
Raramente me venho embora sem ver o pôr-do-sol, esse momento mágico em que as cores e os contrastes se tornam mais vincados em que as sombras projectadas pelas ondas se acentuam criando um ambiente quase sobrenatural que é amplificado pela maior percepção da maresia, esse cheiro salgado que nos invade e embriaga ficando colado ao corpo na forma de pequenos cristais de sal. É nessa altura que a visão dos rosas, laranjas e amarelos dos pôr do sol, a audição dos estrondos roucos e graves das ondas misturados com os agudos do marulhar, a maresia invade o nosso olfacto deixando um paladar salgado na boca ao mesmo tempo que o vento nos acaricia a pele, preenchendo assim na plenitude os nossos sentidos. Os minutos passam sem opressão, não consigo dizer se depressa ou devagar, apenas passam deixando a alma preenchida os sentimentos acalmam e entra-se num estado meditativo.
Tudo o resto deixa de ser importante, até nós próprios parecemos deixar de existir sendo integrados naquele quadro, vemo-nos então numa perspectiva de terceira pessoa como se a nossa alma flutuasse para fora do corpo e fosse ocupar a posição do pintor que traça as linhas de uma tela cósmica. Deixo de me sentir um eu e transformo-me num borrão que o pincel desse pintor desenha num quadro perfeito em que os sons e os cheiros também se imortalizam num instante eterno.
Fiquem Bem!
Quando dá para sair a algum sítio é para a praia que vou, fico horas só a olhar e a ouvir o mar, umas vezes a passear pela praia outras sentado no Cabanas a beber uma bebida quente, deixo-me embalar pela poesia que é ditada pelas ondas e vou recordando os mais belos momentos que passei no mar, vou gizando os planos para a "rentrée" e sonhando com uma vida perfeita que seria toda ela ligada ao mar. É um prazer enorme estar ali horas a fio a ouvir as histórias que o Oceano nos conta umas vezes em tons de epopeia outras em melancólicos sonetos, observando cada crista das suas ondas como se fossem telas de um qualquer pintor impressionista, ficar ali só, apesar de acompanhado por toda uma miríade de seres reais e mitológicos, observar os mergulhos em voo picado das andorinhas do mar e os bandos de gaivotas orientadas na direcção do vento como se fossem cata-ventos, aqui e ali uma tainha salta para fora de água na tentativa de escapar a um predador que se mantém invisível debaixo do grande azul.
Raramente me venho embora sem ver o pôr-do-sol, esse momento mágico em que as cores e os contrastes se tornam mais vincados em que as sombras projectadas pelas ondas se acentuam criando um ambiente quase sobrenatural que é amplificado pela maior percepção da maresia, esse cheiro salgado que nos invade e embriaga ficando colado ao corpo na forma de pequenos cristais de sal. É nessa altura que a visão dos rosas, laranjas e amarelos dos pôr do sol, a audição dos estrondos roucos e graves das ondas misturados com os agudos do marulhar, a maresia invade o nosso olfacto deixando um paladar salgado na boca ao mesmo tempo que o vento nos acaricia a pele, preenchendo assim na plenitude os nossos sentidos. Os minutos passam sem opressão, não consigo dizer se depressa ou devagar, apenas passam deixando a alma preenchida os sentimentos acalmam e entra-se num estado meditativo.
Tudo o resto deixa de ser importante, até nós próprios parecemos deixar de existir sendo integrados naquele quadro, vemo-nos então numa perspectiva de terceira pessoa como se a nossa alma flutuasse para fora do corpo e fosse ocupar a posição do pintor que traça as linhas de uma tela cósmica. Deixo de me sentir um eu e transformo-me num borrão que o pincel desse pintor desenha num quadro perfeito em que os sons e os cheiros também se imortalizam num instante eterno.
Tu acabaste de ser operado e já querias andar a mergulhar!!!...Estamos cheios de pressa não?? ;D)) Há que ter calma, vais ver que depois até vai ter outro sabor ;D
ResponderEliminarObrigada por estes momentos que tb passei junto ao meu adorado mar, através desta tua tela de cores, cheiros e sons, grata por trazeres o azul do mar até aqui :)
Bjs
Mau, mau, não há lugar para a melancolia!!!Então tu ainda te queixas? Pensa nos que nunca mais tiveram a sorte de ver o mar? E no entanto aí estás tu, em frente ao e a meter uma inveja de roer...
ResponderEliminarMas obrigada pela sensação que transmitiste, foi como se estivesse lá e ser uma daquelas gaivotas a planar sobre o mar...AS MELHORAS E NÃO TE QUEIXES, mais razões têm outros para o fazerem e têm que se aguentar!
Alex in blue
Há que reconhecer o mérito do cirurgião que te operou! Não deve ter sido fácil revirar-te as guelras para dar cabo do problema!...
ResponderEliminar(...como é que se diz sereia no masculino?...)
Micas - Dei sangue uma vez, a experiência foi tão má que desisti de voltar a dar. Por outro lado contribuo para o bem comum como voluntário da protecção civil, para além de ser socorrista (a propósito este ano tenho de fazer o curso de reciclagem).
ResponderEliminarNão é que queira ir mergulhar mas fico deprimido por saber que não posso sou como os peixes o mar é o meu habitat.
Fica Bem!
Alex - É impossível não ficar melancólico, não sou dado a amores platónicos gosto de sentir o contacto pele com pele que é como quem diz pele com agua. Não consigo lidar bem com estas situações fico cheio de ciúmes de saber que andam a mergulhar no meu mar e eu não poder.
ResponderEliminarMas ao contrário de outras situações esta sei que acabará em breve.
Fica Bem!
Lélé - Este é de facto um país muito sui generis. Um amigo meu é que tem uma frase que se enquadra bem: "Desde que vi um porco a andar de bicicleta, já nada me espanta".
ResponderEliminarForam 5 horitas de operação! Quanto ao masculino de sereia, em português não há um termo próprio, usa-se tritão ou neréu que eram deuses meio-homens meio-peixes, me inglês é que há os 2 termos mermaid e merman.
Fica Bem!
Nitrox, espero que não tenhas um aquário em casa, porque se tiveres, temo pela saúde dos peixes, ainda lá tentas meter dentro!
ResponderEliminarAbraço e vai com calma!
Rafeiro Perfumado - Ainda a propósito das corridas de automóveis, acrescento que na F1 está já em vigor uma regra que obriga a uma percentagem do gasolina seja bio-combustível e que essa percentagem irá aumentar todos os anos.
ResponderEliminarTenho um aquário em casa mas não cabo lá dentro, já o medi e não dá mesmo.
Fica Bem!
Tens que ter paciência e ânimo... isso, com calma, vai.
ResponderEliminarEntretanto, diverte-te com as idiotices do Governo! :)
Abraço, e votos de rápida recuperação.
Klatuu - Não gosto de piercings, em relação a tatuagens apenas as faço em henna, a ideia de ter algo permanente não me agrada. Mas acho um perfeito disparate proibir. Quem gosta, gosta quem não gosta olha para outro lado.
ResponderEliminarNo meio desta diarreia legislativa ficam-me 2 interrogações:
-Os brincos não são piercings? O que vai acontecer aquele costume de furar as orelhas às meninas quase quando nascem?
- Em relação aos menores, vão mandar despi-los quando tiverem a suspeita que os mesmos têm um piercing nos genitais?
Estou a ver o filme:
Bófia - A menina tem um piercing aí em baixo de certeza. Vamos lá a tirar as cuequinha para eu ver.
Se estão tão preocupados com a saúde podiam começar por proibir os brindes nos Mc Donald e nos kinder e em toda a treta de comida de plástico com o fim de atrair as crianças.
Fica Bem!
Calma...
ResponderEliminarO mar espera por ti!
Um dia ainda nos cruzamos por aí a ver um pôr do sol no Cabanas, vizinho!
E parece-me que ainda consegues ter mais sede de água salgada, do que eu!
Beijos!
Boa recuperação!
Morgana - Se calhar já nos cruzamos lá pelo Cabanas, ultimamente tenho ido com a filhota e regra geral ela come uma daquelas tostas mistas XXL e bebe um sumo de laranja. Portanto se alguma vez vires esse quadro e lá fora estiver uma Strakar com o símbolo dos Comandos nos flancos, sente-te à vontade para trocar meia dúzia de palavras.
ResponderEliminarFica Bem!