in "The Wet Side of the Moon"
O vento acalmou completamente, apenas ficou uma ligeira brisa e aquele calor agradável dos fins de tarde estivais. O sol vai descendo em direcção ao horizonte e prolongando as sombras dos pinheiros, lá ao fundo sente-se a presença do mar, consigo adivinhar as ondas a navegar lá bem de longe e a rebentarem preguiçosamente na praia, aqui e ali um sopro mais enérgico do vento trás uma suave melodia e acaricia-me o rosto.
Vou bebendo uma cerveja e comendo uns tremoços à beira da piscina, hesitando entre a preguiça e a vontade de dar mais um mergulho. Queria mesmo era estar na praia, esta é uma hora mágica, a minha altura favorita para lá estar.
Detesto estar na praia quando esta está apinhada de gente, não gosto de lá estar na torreira do calor, a partir das 18:00 é quando verdadeiramente sabe bem estar na praia, ficar envolvido pela névoa da maresia, admirar o sol a pôr-se, ouvindo simplesmente o mar, ou então uma suave melodia com o ritmo de Bossa Nova e uma voz doce, "Bailando Va" dos La Caina - sou invadido por uma paz imensa, os meus pensamentos flutuam na brisa, todos os problemas e stresses afastam-se do meu horizonte, como invariavelmente me acontece nestes momentos os meus pensamentos são desviados para o fundo do mar...
Revejo-me a contemplar os fundos do mar, a beleza das anémonas ondeando os tentáculos verdes e purpura na corrente, a delicadeza cruel das estrelas do mar, as esponjas que dificilmente nos apercebemos que pertencem ao reino animal.
Estou a sonhar que estou bailando lá debaixo de água, vejo-me num salão de baile submarino dançando com sereias e golfinhos, ao meu lado estão moreias e safios, bodiões e judias, santolas e caranguejos, lulas e chocos. Um polvo é o maestro, as lapas, percebes e mexilhões compõem a orquestra.
Vou bailando, rodopiando, feliz e em liberdade absoluta, sinto-me inebriado, será a narcose? Não! A narcose não nos afecta nos sonhos, continuo a dançar mudando de par, passo de barbatana em barbatana e volto aos braços da minha sereia.
Olho bem fundo naqueles olhos belos de morrer e beijo-a ternamente, sinto a suavidade dos seus lábios nos meus, o calor doce da sua boca. Podia morrer ali com a cabeça dela encostada no meu peito e um sorriso feliz e pacifico nos seus lábios, abraçado ao seu corpo de sonho.
Deixo-me embalar pela música e danço abraçado a ela, de repente começa a soar o alarme do computador, tenho de retornar à superfície. Enquanto faço a paragem de descompressão olho para baixo, já não a vejo, nem ao salão de baile, apenas vejo a claridade que desaparece com a profundidade.
Mesmo assim não me sinto triste, a vida é composta por todos os segundos que passam, se em alguns deles fui verdadeiramente feliz então toda a vida terá valido a pena.
Os sonhos também fazem parte da vida, que seriamos nós se não sonhássemos? Que diferença teríamos das pedras ou da areia? Que interessa se é sonho ou realidade? Não será a realidade apenas um sonho?
Continuei bailando e...
Me sinto tan chiquito no Lado Escuro da Lua!
Mergulhei contigo no sonho...
ResponderEliminare ADOREI!
voltarei a mergulhar...
beijo
Eu poderia dizer que tens caracteristicas comportamentais parecidas com as minhas, mas isso não é inteiramente verdadeiro. Tens o dom da profunda sensibilidade, a maestria na linguagem daquilo que sente e o que quer dizer, e isso é especial demais. O que tento dizer, pela mais absoluta impossibilidade de ser tocante, preciso Uivaaaarrr para chegar às pessoas; mas você, Nittrox, fala sem rodeios, sem sussurros, e a sua linguagem é pura e universal.
ResponderEliminarVocê é um bom e especial amigo, meu querido.
BeijUivooooooooooossssssssss da Loba
Iveta - Um cumprimento especial de recepção ao meu espaço.
ResponderEliminarSe gostas de ler sobre mergulho podes usar a label "The Wet Side of the Moon" e terás acesso a todos os textos nesta temática.
Fica prometida uma vista ao teu cantinho.
Keila - Apenas consigo arrancar esta palavras quando estou debaixo de uma forte emoção, poderia dizer que não sou eu que escreve (algo escreve, como diria um mestre Zen).
ResponderEliminarNão sei se sou eu que escrevo ou se é a história que me está a desenhar, sinto muitas vezes que eu deixo de existir e é a história que toma vida.
Acho que ando a ler textos Zen demais!
...
ResponderEliminaralexinblue
Olha que dar ouvidos aos cantos das sereias costuma redundar em canibalismo! ;)
ResponderEliminarGrande abraço e bons mergulhos!
Adoro o mar. Descobri este cantinho através de outro blog. Fotografias esplêndidas.
ResponderEliminarO fundo do mar atrai-me, fascina-me, ao mesmo tempo que me causa um receio inexplicável, num misto de atracção e medo. Mas o "Mergulho" é uma das experiências que tento e que tenho que conseguir... (e uma amiga é instrutora de mergulho e mesmo assim...)
Hei-de passar por aqui de vez em quando, para me ambientar. e ver se o azul profundo se sobrepõe ao receio.
Abraço
Rafeiro Perfumado - Agora depende da forma de canibalismo que elas tiverem em mente;->
ResponderEliminarAnamar - Um cumprimento especial de boas vindas e a promessa de uma visita a breve prazo.
ResponderEliminarNão sou a pessoa mais habilitada para dar conselhos em relação ao medo de mergulhar, eu tenho mais medo de andar cá em cima que no fundo do mar.
Mas há uma coisa que sei, o primeiro mergulho deve ser num dia de sol e com bastante visibilidade. Pois o desfrutar da beleza subaquática faz esquecer imediatamente os medos, depois é sempre pior quando não temos a percepção clara daquilo que nos rodeia.