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Mergulhar com garrafas tem destas vantagens, temos tempo para observar, reflectir e tirarmos conclusões que às vezes poderão parecer surpreendentes.
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Não me canso de repetir que o mar é algo de central na minha vida, preciso tanto dele como quase de respirar, aliás se estiver longe dele durante algum tempo começo a sofrer de ataques de asma.
Ao observar o Ruivo abrindo e fechando as barbatanas enquanto se deslocava junto ao fundo, uma torrente de pensamentos fervilhou no meu cérebro.
Pensei em toda a beleza que existe debaixo das nossas águas, na graciosidade dos seres que as habitam, na sorte que temos em possuirmos uma tão vasta e diversificada costa.
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Nesse momento uma profunda melancolia assalta-me.
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O polvo está para o mar com o mocho para a terra, é um dos guardiões da sabedoria. Disse-me que mais triste do que o desmoronamento de um Império, é a perda de identidade. Concordei, pois tirando a euforia bacoca que se vive durante as competições futebolísticas, perdemos a noção de patriotismo e o orgulho de um passado grandioso, talvez o mais grandioso da humanidade.
O Polvo acabou por me dizer que de facto o nosso foi o Império menos sangrento da história, nenhum Império se constrói sem sangue, mas no nosso uma boa parte dele foi substituido por água salgada.
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Terá sido esse o nosso erro? O Espirógrafo branco não concorda, as razões não podem estar com a barbárie, tens de as procurar noutro lado.
O computador indica-me que está na altura de subir, realizar a paragem de segurança de 3 minutos a 5 metros e regressar à superfície. Apercebo-me que apenas tinham passado 45 minutos, mas lá em baixo o tempo parece parar. Lanço a boia de patamar e relutantemente inicio o regresso à superfície despedindo-me do Ruivo, do Polvo e do Espirógrafo.
Fiquem Bem, no Lado Escuro da Lua!
Devia guardar o primeiro comentário para quem de direito, que, aliás, sabe comentar/escrever como poucos!...
ResponderEliminarEstar dentro de água, observar e conviver com essas belezas, sentir o silêncio, a delicadeza e ouvir a sabedoria dum polvo é deveras gratificante!
E o polvo tem razão! Portugal expandiu-se menos à custa do sangue dos outros, do que de lágrimas portuguesas! É um grande ponto a favor de Portugal!
Lélé - Neste post optei por explicitar a dedicatória pois ao contrário do Caboz que era claramente dedicado a ti, este não era tão perceptível a fonte de onde recolhi a inspiração.
ResponderEliminarRealmente o nosso povo tem uma fraca auto-estima, posso zurzir com o futebol mas há algo de benéfico que nos traz que é precisamente esse orgulho de ser português nem que seja por 90' apenas.
Esta parábola está excelente; uma espécie de Vieira sub-aquático - adorei a verdade, a interrogação, a ironia!
ResponderEliminarAinda não estamos mortos! - e, tantas vezes, se erguem do estrume as mais belas flores...
Muito obrigado por me teres dedicado este texto.
Abraço!
P. S. Ficará lá muito bem, muito bem mesmo!
Nitrox!!!... A sério?... Desculpa! Nem me passou pela cabeça que me tivesses dedicado aquele post!!!...
ResponderEliminar(Ah, porque me fizeram assim tão avoada?...)
Muito obrigada, de coração.
olá
ResponderEliminarrevi-me nessas tuas descrições do mar.. o mar é o meu elixir, o meu oxigénio, o meu porto seguro. Gostei muito do teu post.
Um bom resto de semana
Maresia - Sabe sempre bem encontrar quem se reveja e partilhe aquilo que Amamos.
ResponderEliminarFica Bem!