segunda-feira, 30 de junho de 2008

Tunguska


Faz hoje 100 anos deu-se uma explosão equivalente a 1000 bombas de Hiroxima na Sibéria. Foi de tal forma poderosa que foi sentida em todo o mundo, 2000 Quilómetros quadrados de floresta foram arrasados e até hoje pouco se sabe acerca do que provocou esse desastre.

Existem imensas teorias, umas mais rebuscadas do que outras, mas de concreto pouco se sabe. Felizmente que aconteceu numa zona deserta pois se tal catástrofe tem ocorrido na Europa Central muitos milhares de pessoas teriam perecido.

Na minha vida também parece ter acontecido uma Tunguska, daí a minha ausência destas páginas, tenho andado refugiado no blog de escárnio e maldizer, a minha inspiração só me dá mesmo para falar mal. Isto vai passar tenho a certeza, talvez com um mergulhito (por falar nisso, já experimentei a mergulhar com lentes de contacto, na minha piscina, claro; foi um sucesso, não só leio perfeitmente o computador como também as letras mais pequenas dos menus da máquina fotográfica).

Fiquem Bem, no Lado Escuro da Lua!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Cousteau



Faz hoje 98 anos que nasceu o comandante Cousteau. Até hoje nunca me tinha referido a ele aqui no meu blog, uma falha grave tendo em conta que lhe devemos muito do que hoje se sabe sobre o mar, assim como o desenvolvimento do mergulho, para além de ter sido uma das vozes mais activas na defesa do ambiente.

A primeira imagem que ocorre dele é na ponte do Calypso com o seu barrete vermelho, a supervisionar as operações. Sobre a vida dele podemos ler tudo, ou quase, na Wikipédia e em dezenas de biografias. Por isso vou falar daquilo que ele foi para mim. A primeira vez que li sobre ele foi no "Grande Livro dos Oceanos" publicado pelas Selecções do Readers Digest. Esse livro foi a porta para o meu conhecimento dos mares, foi o catalisador de um AMOR que ainda hoje perdura. Mais nenhum outro nome surge com tanta frequência neste livro que o dele, é mencionado em 23 páginas, o segundo, Cristóvão Colombo, aparece em 13! De facto é hoje impossível falar de mar sem mencionar Cousteau.

Rapidamente tornou-se um dos meus heróis de infância, influenciou em grande medida o meu AMOR pelo Mar, fez-me querer vir a ser mergulhador, fez-me sonhar em um dia fazer parte da sua tripulação, fez-me compreender que a vida marinha é delicada e frágil, abriu-me os olhos para os problemas ambientais (é preciso ver que estávamos nos finais dos anos 70).

Toda a humanidade tem muito a agradecer a Jacques Cousteau, foi ele que inventou e desenvolveu o escafandro autónomo, foi dos que mais estudaram o problema de respirar gases comprimidos debaixo de água, ajudou a desenvolver as misturas de Nitrox e Trimix, descobriu centenas de mistérios submarinos e ainda deixou portas abertas para o futuro, como sejam um novo tipo de propulsão para os navios, a concepção de cidades submarinas, etc.


As aventuras de Cousteau que prefiro foram as experiências Pré-continente em especial a II. De facto todo o conceito de aldeia submarina com as diferentes estruturas, a casa principal ou estrela-do-mar, a garagem do disco submersível ou o ouriço-do-mar e a estação profunda



Irei encontrar-me com Cousteau no Lado Escuro da Lua!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Império

Dedicado ao Klatuu

Fui visitar uma floresta de laminarias. Por lá andava um Ruivo muito atarefado na busca de alimento esgravatando o solo com as suas patas, acho-o um peixe muito lindo, não sei bem porquê mas associo-o às Poupas, talvez pelas exuberantes barbatanas, pelo seu comportamento esquivo, não sei mesmo. Encontro-os em diversos locais, são abundantes na nossa costa e dão uma coloração diferente à nossa fauna.

Mergulhar com garrafas tem destas vantagens, temos tempo para observar, reflectir e tirarmos conclusões que às vezes poderão parecer surpreendentes.

Não me canso de repetir que o mar é algo de central na minha vida, preciso tanto dele como quase de respirar, aliás se estiver longe dele durante algum tempo começo a sofrer de ataques de asma.

Ao observar o Ruivo abrindo e fechando as barbatanas enquanto se deslocava junto ao fundo, uma torrente de pensamentos fervilhou no meu cérebro.

Pensei em toda a beleza que existe debaixo das nossas águas, na graciosidade dos seres que as habitam, na sorte que temos em possuirmos uma tão vasta e diversificada costa.
Observando o sol a ser filtrado pelas águas límpidas lembrei-me da nossa grandiosidade, das razões que levaram este pequeno país a ser o dono do mundo, a dar ao mundo uma área maior do que a que era conhecida até então. Enchi-me de orgulho, um genuíno orgulho de ser PORTUGUÊS, que nada tem a ver com o trauliteirismo alarve que acompanha os feitos futebolísticos e que muitos confundem com patriotismo.

Nesse momento uma profunda melancolia assalta-me.
Um polvo interroga-me acerca da súbita mudança de humor. Respondo-lhe que me estava a lembrar da grandiosidade do Império e da ruína em que se transformou.

O polvo está para o mar com o mocho para a terra, é um dos guardiões da sabedoria. Disse-me que mais triste do que o desmoronamento de um Império, é a perda de identidade. Concordei, pois tirando a euforia bacoca que se vive durante as competições futebolísticas, perdemos a noção de patriotismo e o orgulho de um passado grandioso, talvez o mais grandioso da humanidade.

O Polvo acabou por me dizer que de facto o nosso foi o Império menos sangrento da história, nenhum Império se constrói sem sangue, mas no nosso uma boa parte dele foi substituido por água salgada.

Acabei por concordar com tão brilhantes argumentos. De facto em vez de conquistarmos terras à espadeirada, fizê-mo-lo sulcando os mares. Em vez das lanças e dos canhões usamos bússolas e sextantes. Claro que existiram batalhas sangrentas, mas se pensarmos nos Impérios de Alexandre o grande e de Júlio César entre outros, vê-mos até que ponto fomos pacíficos.

Terá sido esse o nosso erro? O Espirógrafo branco não concorda, as razões não podem estar com a barbárie, tens de as procurar noutro lado.

O computador indica-me que está na altura de subir, realizar a paragem de segurança de 3 minutos a 5 metros e regressar à superfície. Apercebo-me que apenas tinham passado 45 minutos, mas lá em baixo o tempo parece parar. Lanço a boia de patamar e relutantemente inicio o regresso à superfície despedindo-me do Ruivo, do Polvo e do Espirógrafo.

Fiquem Bem, no Lado Escuro da Lua!