quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

De novo no River


O computador de mergulho indica 25 metros de profundidade, a temperatura da água é de 15º, nada mau se tivermos em conta que lá em cima o termómetro do carro indicava o mesmo. A visibilidade é muito reduzida, aí para uns 2 metros, e as ondas são tão pesadas que sentimos o efeito delas mesmo a esta profundidade, andando num vai-vem sempre que paramos de nos movimentar. A pressão da água comprime a minha nova camisola de lycra, que por ser a 1ª vez que a usei não tomei as devidas providencias para que ficasse bem esticada debaixo do fato, dando-me a sensação de estarem a apertar umas cordas nos sítios onde ficou enrolada.


Ligo a máquina fotográfica e o flash externo e após várias tentativas de fotografar sem sucesso sou obrigado a usar apenas o flash interno. A suspensão reflecte de volta toda a luz volta. Bolas! O anel de fixação do cabo do flash perdeu-se. Pronto já percebi porquê que o desgraçado não disparava, é que não vinha apertado da fábrica. A minha sorte é que tenho um sobresselente em casa, seja como fôr a sessão de fotos está estragada, hoje não há mais.


Desfruto da vista, magnifica, uma das hélices de River Gurara está mesmo ali à minha frente, vamos tentar tirar uma foto, OK esta ficou mais ou menos um tricolor no meio das pás. Cada pá deve ser mais ou menos do meu tamanho, que pena não puder tirar umas fotos, a hélice repousa ali de pé a 25 metros de profundidade, coberta de algas e corais, vê-se nitidamente uma das pontas partidas, pode ter sido de embater contra as rochas, penso.


Ouço um beep distante e olho para o computador, 56 bar - RBT (tempo para ficar aquela profundidade) 0 (zero minutos). Que raiva! Faço sinal para o João, tenho de subir, ele mostra-me o computador dele 150 bar, faz-me sinal se quero partilhar o ar, digo que não. Isto hoje não está a correr bem, consumi muito ar enquanto estava preocupado com o facto do flash não funcionar e à procura do estupor do anel, a sensação de ter cordas amarradas ao peito continua. É melhor subir, no mar não devemos ser teimosos, se as coisas não estão a correr bem mais vale abortar e voltar noutro dia.


Ao subir outro problema, tendo feito as contas ao lastro, meticulosamente, resolvi que seria uma boa ideia retirar 4 Kg, de facto tudo estava a correr bem e eu até pensei assim é muito melhor pois torna-se muito mais fácil encontrar o equilíbrio perfeito, pois é o pior ainda estava para vir - o patamar de segurança. Foi uma tortura manter os 5 m de profundidade pois mesmo sem nenhum ar no colete tinha de estar constantemente a nadar para não subir como uma flecha. Lição (mais uma) aprendida não mergulhar com menos de 10 Kg de lastro, talvez um dia tente com 9, mas o próximo será com 10 seguramente.

A caminho de terra o vento frio gelava os ossos mesmo com o fato semi-seco vestido sentia um frio cortante, para a próxima levar qualquer coisa para cobrir, ou então vestir o short por baixo do semi-seco, não me posso esquecer de voltar aos 12 kg se optar por esta solução.


Moral da historia, o mergulho até correu mal, mas aprendi mais que nos 10 anteriores juntos, é que há males que vêm por bem!


Fiquem Bem!

1 comentário:

  1. É assim mesmo nos maus momentos tiramos sempre algo de produtivo
    jinhos

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Obrigado por mergulhar aqui