domingo, 7 de dezembro de 2014

Mar dos sargaços

Não corre um fio de vento, o mar parece azeite, a imobilidade é total. O tédio instala-se suspiro por uma tempestade, neste momento pouco importa a vida, apenas queria algum vento.

Navegar é preciso, viver não é preciso.

Estou a ouvir o último disco de Leonard Cohen, a música Never Mind, parece fazer sentido neste momento. Estou sem inspiração, tenho vindo escrever enquanto ultrapasso o mar dos sargaço, esse pedaço de oceano onde não há ventos nem correntes.

Sou um homem de tempestades, de fortes ventanias, de ondas gigantes. Adoro sentir o vento a fustigar-me o rosto, a assobiar nos brandais ou entre os pinheiros. Gosto da sensação da adrenalina, daquela sensação de formigueiro, gosto do stress da acção.

Odeio o conforto de um dia igual ao outro, das rotinas. Prefiro a picada à autoestrada, não saber onde vou, se consigo atingir o meu destino em contraponto com a partida e chegada com hora marcada e paragens agendadas nas diversas estações de serviço.

Prefiro procurar um recanto de uma moita para mijar a esperar na fila do WC.

Sou um lobo, uma águia, não sou um carneiro ou uma ovelha. Prefiro enfrentar a incerteza de ter refeição a pastar no meio do rebanho.

Defendo ciosamente aquilo que diferencia dos outros e escondo o que me identifica, detesto ser mais um.

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.