quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Olá! Estou de volta

Afinal foi tudo mais rápido do esperava. Na 2ª feira já o médico me dizia "Quer ir para casa? Olhe que já não estou com vontade de o ter cá". OK! Vamos para casa.

Só hoje é que finalmente consegui arranjar o meu cantinho, como o meu quarto era no 1º andar tivemos de me mudar para um pequeno quartinha que servia, fundamentalmente, para passar a ferro e colocar roupa, para ser o meu quarto.

Como tínhamos cá uma cama para visitas foi só arranjar as coisas de modo que as suas anteriores funções fossem transferidas para a cozinha e para a dispensa. Pronto as coisas não ficaram muito bem, mas foi o melhor que se conseguiu arranjar.

No dia 13 fui com a minha mulher ao cinema, vimos o... não me lembro, vou ter de lhe perguntar... a anestesia geral é tramada... "O Vale de Elah"... foi ela que me disse agora... de resto estou a lembrar-me agora do filme e da injustiça de não ter sido nomeado para um Óscar. Mas lembrava-me perfeitamente do trailer que passaram antes, tinha por base um fenómeno raríssimo (500/20.000) em que o anestesiado fica consciente e sente tudo durante a operação embora não possa nem comunicar nem mexer. Estão a ver o filme.

Felizmente não aconteceu nada disso, pois caso contrário teriam sido 5 (cinco) horas terríveis. Pois ao contrário do que muitos pensam a operação à coluna é efectuada, normalmente pela frente, o que no meu caso foi um problema maior pois tenho um volume... bom, ficamos por acima da média. Depois é que foram elas. Realmente a evolução também chegou à medicina, é que depois de operado à coluna e de ter recuperado da anestesia geral levei algumas horas na UCI e para meu espanto quando decidiram transferir-me para o quarto o médico foi da opinião que eu próprio devia levantar-me e mudar de cama. Onkie Donkie, com a ajuda de 2 enfermeiros fiquei em pé e dei os primeiros passos para a outra cama que estava e 2 metros.

Daí para cá tem sido uma lenta evolução, um dia melhor, no outro pior, mas as melhorias são sempre maiores que as pioras. O que mais me dói vão ser os 3 meses sem poder mergulhar, vão ser 3 meses que pareceram uma eternidade, mas a vingança será terrível - AÇORES - Sim vou para os Açores provavelmente 2 semanas e vais ser mergulhar até ao limite, até estou com ideias de alugar lá um veleiro.

Escolhi para primeiro disco a ouvir em casa... era inevitável... "David Gimour - On an Island", neste preciso momento ouço a música "When we start"... estupidamente ao ouvir a letra desato a chorar... será da anestesia?


WHERE WE START

Where we start, is where we end
We step out sweetly, nothing planned
Along by the river we feed bread to the swans
And then over the footbridge to the woods beyond

We walk ourselves weary, you and I
There's just this moment

I light a campfire away from the path
We lie in the bluebells, a woodpecker laughs

Time passes slowly our hearts entwined
All of the dark times left behind

The day is done
The sun sinks low
We fold up the blanket, it's time to go

We walk ourselves weary, arm in arm
Back through the twilight
Home again

We waltz in the moonlight and the embers glow
So much behind us
Still far to go


Fiquem Bem!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

É agora

Estou já de malas feitas.

Voltarei a colocar noticias assim que possível, mas como só vou levar o telemóvel, não sei quando vos poderei visitar.

Fiquem Bem!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Medos

Antes de ontem acordei com qualquer coisa de estranho, um frio na espinha - e se alguma coisa correr mal? E se nunca mais voltar a poder sentir a água a fluir pelas barbatanas? Este sonho/sensação deixou-me aterrado; ontem dirigi-me ao Cabana Divers com uma ideia fixa, mergulhar, só que não apareceu ninguém para além de mim e de um outro mergulhador, assim o mergulho ficou anulado.

Bolas! Mas também ficou desde já uma coisa prometida a mim próprio: se tudo correr bem vou passar uns dias nos Açores e mergulhar naquele azul infinito até o computador de mergulho me ordenar chega, se pelo contrário a mobilidade das pernas ficar afectada, então comprarei uma scooter submarina, mas nunca deixarei de mergulhar. Como digo na minha apresentação é lá no mar que gostava de morrer, é para lá que quero que os meus restos sejam deitados.

Interrompo as minhas meditações para descrever ver o que estou a presenciar na TV. Coloquei o filme Atlantis de Luc Besson, ao qual já dediquei um artigo, e estou a observar um bailado de Mantas ao som de Maria Callas. É soberbo, fantástico, parei de escrever para absorver cada instante e no fim retrocedi para o início do capítulo para rever. Fica aqui um pequeno trecho que consegui encontrar no You Tube.



Fantástico as imagens da dança da Manta e a voz cristalina de Maria Callas, de referir que com essa excepção as músicas são de Eric Serra, que existe outros bailados: golfinhos, leões marinhos, uma serpente marinha e até iguanas, os primeiros 10 minutos do filme rezam assim...


A qualidade das imagens não se equipara aquilo que vemos no DVD, mas pelo menos dá uma ideia. Se me perguntarem porquê que tenho tanto AMOR pelo Mar este vídeo é a melhor resposta que poderei dar, porque nenhumas palavras alguma vez poderão alguma vez transmitir nem a mais pálida das emoções que sinto quando penso no "Grand Bleu".

O Atlantis não se comercializa em Portugal, comprei na Amazon codificado para Zona 1 tive de fazer uma cópia e retirar as protecções para poder vê-lo na TV, estou a pensar num plano para transmiti-lo na integra através da net, gostava imenso de poder partilhá-lo com mais gente. Enfim por agora não tenho tido muita cabeça para me dedicar a este assunto.

Outra noticia triste, um dos flutuadores do Groupama 3 partiu-se tendo o barco virado. Toda a tripulação foi resgatada e está sã e salva na Nova Zelândia.


Fiquem Bem!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Jean Michel Jarre



Mais um concerto, desta será o Jean Michel Jarre no Coliseu dos Recreios no dia 25 de Abril.
Lembro-me perfeitamente do primeiro concerto dele que vi - The China Concerts, estava em Lisboa a fazer o 12º ano, como só tinha aulas à noite tive de faltar para ver o concerto, naquela altura ainda não havia vídeo-gravadores, pelo menos acessíveis ao comum mortal, ou se via em "directo" ou azar.

Lembro-me perfeitamente que nunca tinha assistido a nada assim, o raios laser, aqueles instrumentos magníficos - a harpa laser era um must - e depois havia a música, apesar de dentro do género eu preferir Tangerine Dream ou Vangelis, Jean Michel Jarre fazia parte dos favoritos e ao vivo era mesmo o melhor dos 3.

Não estou à espera de ver algo do género de La Defense (para mim o melhor de todos os concerto que vi do JMJ, por falar nisso não o consegui encontrar em Portugal, vou ter de tentar o Amazon), mas estou à espera que este 25 de Abril seja memorável. Vou deixar uma amostra.

Fiquem Bem!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Suffer Well


Neste momento estou sentado na minha sala, com um portátil que salvei de um despejo num qualquer caixote do lixo e que por ser uns anitos mais recente que o meu possui uma porta USB, o que permite a instalação de uma pen WiFi. Bom deixando a tecnologia para trás, estou a ouvir/ver um concerto dos Depeche Mode em Paris, Dream On (Do you feel a little love), Free Love, Enjoy the Silence, etc trazem recordações, memórias e uma nostalgia que se por um lado me deixa triste pelo que perdi por outro reconforta pois vivi nesse tempo algo que poucos seres humanos alguma vez vislumbrem - a felicidade absoluta. Não sei se viram o filme "A Cidade dos Anjos" com o aclamado actor Nicholas Cage, é um pouco assim que me sinto.

É pois nesta mistura de sentimentos que vou aguardando a data da intervenção cirúrgica que urge realizar, pois as dores ultrapassaram o patamar suportável. Não sei o que irá acontecer depois da operação, poderei recuperar, poderei ficar condenado a uma vida de dificuldades motoras, mas pelo menos não voltarei a sofrer desta maneira. As caixas de analgésicos vão desaparecendo, os movimentos que aprendi ao longo de 20 anos de sofrimento a realizar de modo a aliviar a dor já não resultam, já não tenho posição para dormir, sigo um ritual de dormir 2-3 horas num sofá almofadado de modo a proporcionar o máximo conforto, outras 2-3 horas noutro sofá ortopédico e o restante na cama. Mesmo assim os despertares são dolorosos e dormentes, nem os banhos turcos nem as hidromassagens conseguem devolver uma normalidade à vida.

"Don't say you happy out there without me" estou neste momento a ouvir os DM cantarem, agora começam a cantar "Personal Jesus". Vou ter de me levantar preparar uma borracha de água quente para tentar amortecer a dor causada pela "Discopatia Degenerativa", é este o nome pelo qual é conhecida a "senhora" que me obriga a uma visita ao cirurgião. Eles voltaram ao palco e eu vou tratar da borracha e deixar de vos aborrecer com histórias de doenças, vou desde já pedindo desculpa, mas acabei por ceder ao sofrimento e deixá-lo escorregar para o Dark Side of the Moon.

Espero caminhar até lá, ao Lado Escuro da Lua...

Fiquem Bem!

Pro Actividade

Lagoa de Albufeira - 15 de Abril de 2006

"Não há nada mais aterrador que se aceitar-se completamente a si mesmo"
Carl Jung.

Há algumas semanas atrás tive um curso, o primeiro em 11 anos, no serviço. O curso versava sobre auto motivação e pro actividade - psicologia social. O conceito é um pouco assim: temos de ser todos cinzentinhos, retirarmos a nossa personalidade e adoptarmos um comportamento perfeito. Resumindo standartizar as emoções.

Se esse conceito tivesse vigorado desde o princípio da humanidade nunca teríamos tido Mozart, Van Gogh, Picasso, Jim Morrison, Bethoven, Hemingway, Shakespeare, Camões, Roger Waters, David Gilmour, Syd Barret e tantos outros, seriamos uma civilização de merda, uma espécie de formigueiro, sem arte, sem sentimentos.

A senhora até falou muito bem, devemos cultivar os bons sentimentos e deitar fora os maus. Mas sem ódio não há amor, sem preto não há branco, sem dor não há prazer. Não é isso que nos diz os Tao? Onde está o equilíbrio? Onde está o ser humano? Será essa a sociedade ideal? Em que os comportamentos são definidos por decreto? Em que não há malfeitores nem génios?

Experimentem a tirar o pólo norte de um imã, partem ao meio e o que acontece? ficam 2 imãs cada um com pólo norte e pólo sul. O mesmo irá acontecer na nossa sociedade e no próprio ser humano.

Outra situação que me admirou foi a tentativa de moldar os funcionários aos lugares. Que diabo está tudo parvo? Tem forçosamente de ser ao contrário, olhem para uma equipa de futebol, seria a mesma coisa que exigir ao ponta de lança que fosse guarda redes e a este que fosse um médio, etc. Numa equipa de futebol aproveita-se as características dos jogadores e coloca-se os mesmos nas posições onde dão melhor rendimento. Quando isso não acontece a equipa recente-se imediatamente. Nas empresas devia ser assim também, tem de ser a empresa a explorar as potencialidades do empregado e a tirar o melhor partido dele e não o empregado a adaptar-se à posição na empresa.

Em vez de andarem para ai a dar cursos de pro actividade deviam sim ensinar cada um a conhecer-se a si mesmo e a aproveitar plenamente as suas características. Mas isso é assustador? Não é?

Fiquem Bem!