sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O Dakar

Já escrevi aqui uma vez que seguia o Dakar apaixonadamente desde a sua primeira edição. Devem calcular como me sinto. Em 1978 apenas tive informações após o seu termo, nos anos seguintes ia recolhendo informação dia a dia pelo jornal L'equipe, por fim a sua mediatização acabou por o trazer para os jornais, radios, televisão e por fim internet. No ano passado "assisti" à prova em directo, minuto a minuto.

Sinto aquela sensação estranha de faltar quaquer coisa, de perda. Não consigo deixar de pensar em quem levou um ano (e às vezes mais) a preparar esta aventura e viu tudo ir por agua abaixo antes de partir.

Outra palavra para os filhos da puta que obrigaram ao cancelamento da prova. Ainda não sei se foi mesmo uma ameaça terrorista ou se foi uma jogada suja do governo francês para pressionar a Mauritânea no negocio do gas natural desta. A historia está muito mal contada, nunca nenhum governo cedeu a ameaças terroristas porquê agora? E se os terrorista ameaçarem os Jogos Olímpicos? Vamos cancelar também? Vamos deixar de andar de avião? de Metro? de comboio? vamos deixar de frequentar bares e discotecas?

Se foi uma cedência é mau se foi um negócio sujo ainda é pior. Seja como for o meu ódio pela classe política não pára de aumentar. Mas isso já são conversas de_escarnio.

Aqui apenas fica a tristeza e a melancolia de um Dakar anulado e o desejo que tudo se recomponha e que volte a haver Dakar, pois sem ele o mundo ficará mais pobre, muito mais pobre. Basta ver que é mais uma porta que se fecha a Africa, que para muitas populações o Dakar representava o rendimento de um ano inteiro. Se ele acabar ou for deslocalizado vai por certo aumentar a distancia entre os povos e quem vai perder seremos todos nós.

Nenhum outro evento aproximava tanto a Europa de Africa como o Dakar, pois não são as cimeiras entre lideres que aproximam os povos mas sim o contacto fraterno entre estes. O fim do Dakar será mais um passo (gigante?) para o fim de um sonho de paz e harmonia para este planeta.

Fiquem Bem, se puderem.

2 comentários:

  1. Quando só se conhecia pretos nos filmes do Tarzan, a menos que se fosse dar com os costados para terras de turras, vivia-se num perfeito estado de inocência sonhadora... Colónias àparte, há um imaginário de uma África misteriosa, de cidades perdidas, animais raros, povos insólitos e paisagens excruciantes que é um mito do Ocidente. É um bom mito. Que tem alimentado a literatura e as artes. Os escritores africanos contemporâneos só muito recentemente começaram a valorizar este património - até aqui concentraram-se nos cânones de um marxismo estético miserabilista, em que África é fome, pobreza, corrupção, ganância e uma desactualizada e esfarrapada desculpabilização da sua responsabilidade através da manutenção do espectro tenebroso do colono branco, que não existe mais.

    Se forem cortadas as pontes entre África e o Ocidente, aquela perderá toda a sua importância cultural e política e afundar-se-á no fosso fétido de um nacionalismo absurdo, na verdade permanentemente negado pelas investidas sanguinárias do tribalismo.
    Podem os grandes teóricos à Esquerda querer iludir-se e iludir-nos com a visão unificadora e libertadora do Islamismo, mas do que se trata é de um tribalismo religioso radical, alarve e acéfalo, que se pretende agigantar internacionalmente através do terror!
    Nunca nada foi mais conveniente à proliferação do terror que a escuridão e o isolamento.

    Abraço e viva o Dakar!

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  2. Não deve estar sendo fácil aceitar a decisão do comitê gestor, mas é melhor pensar que estavam falando e cuidando de vidas, e vidas especiais demais para serem extintas nas areias e na poeira do deserto.

    BeijUivooooooooooossssss da Loba

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